Há algum tempo tenho amadurecido
a ideia de fazer aqui no blog uma tag sobre Empoderamento e Protagonismo do
Negro através da Moda , contando a história de pessoas inspiradoras, pessoas
que com sua trajetória de vida e sucesso
profissional possam motivar outras a
realizar seus sonhos também. Foi pensando nisso que decidi fazer esse post
sobre a Fowler ,marca de camisetas do carioca Fabrício Oliveira . E para contar
um pouco da história dele e da marca ,decidi fazer uma pequena entrevista para
compartilhar com vocês!
Qual a sua formação ?
Me graduei em 2007 em Marketing e
em 2012 em Administração, ambas pela Universidade Gama Filho. Como já era
graduado em 2012 concluí o MBA em Gerenciamento de Projetos pela Fundação
Getúlio Vargas, FGV-RJ e fiz a extensão do meu MBA na University of Califórnia,
pela Paul Merage School of Business em Irvine, Califórnia, Estados Unidos.
Quando surgiu a idéia de começar a marca ? E quanto tempo ela já tem ?
A Fowler tem
três anos de vida. A idéia de se ter uma marca de roupa é um pouco mais antiga
e começou num bate papo meu com um amigo num churrasco na casa dele. Na época a
idéia foi fazer uma marca que remetia bastante ao street wear e ao urbano, tema que na época estava começando a ser
bastante explorado. Chamamos um amigo que é bem envolvido com esse tema além de
ser um ótimo desenhista para integrar a equipe. Só que não conseguimos caminhar
com a idéia e o projeto acabou morrendo.
Quando tive o insight de fazer
sozinho, pedi ajuda a minha prima, que é estilista e designer de moda, pra me
dar uma bola no planejamento da coleção de lançamento e na formação do conceito
da marca. Inicialmente a idéia era abordar o subúrbio carioca apenas em uma
primeira coleção, chamada “Próxima Parada Subúrbio Carioca”, só que a aceitação
do tema foi tão grande que decidi transformar o tema da coleção no conceito da
marca, e tem dado bastante certo.
Conta pra gente um pouco do conceito da Fowler :
A Fowler aborda prioritariamente
o subúrbio carioca dentro do prisma da arte, musicalidade, costumes, dialetos,
ícones, regionalidade e sua história. Sempre fui consumidor da moda masculina
carioca, porém sempre fui um pouco cansado da abordagem em excesso que as
marcas têm dos principais pontos turísticos do Rio de Janeiro e paisagens
praianas. Sentia falta de vestir algo que representasse realmente o que vivo e
não o que as pessoas acham aceitável de se viver.
Eu como morador da zona norte do
Rio de Janeiro, sentia a necessidade de me vestir como um “suburbano” e não
como um morador do subúrbio que divulga o lifestyle da zona sul, só que com a
mesma qualidade das marcas que eram vendidas na Zona Sul. O conceito da Fowler
tenta trazer através da moda esse orgulho de ser morador e de ter nascido no subúrbio,
traduzindo através das nossas peças o que chamamos de cultura suburbana, o
nosso lifestyle suburbano.
Porque escolher um nome em inglês e não em português, já que a marca fala de Rio de Janeiro?
Acredito que o nome em inglês
seja uma porta de entrada para qualquer um e em qualquer lugar do mundo. Já
vendi para pessoas da Itália, Estados Unidos, França, Argentina entre outros e
a marca sempre foi bem recebida por todos, inclusive os brasileiros. Mesmo sendo
Fowler um nome em inglês, ele é de fácil pronúncia e bastante curto, é bem
sonoro.
Fowler quer dizer passarinheiro
(por isso da nossa logo ser um pássaro) e fazemos a analogia com o
passarinheiro que caça, cuida e devolve. É a mesma coisa que fazemos com as
nossas idéias, caçamos no mercado, “cuidamos” e devolvemos em forma de
produtos.
Qual a importância da arte e da cultura para a Fowler?
Toda. Nós
temos um projeto que ainda está bastante embrionário que se chama COLLAB
(Coletivo Local Livre de Artistas Brasileiros). A COLLAB tem como objetivo
suportar artistas locais em suas diversas vertentes, seja visual, musical,
cênicas, e divulgar esses artistas através de projetos de colaboração com a
Fowler.
Essa
colaboração se dá através do desenvolvimento de uma estampa, do
compartilhamento de idéias, de projetos visuais em colaboração, ou seja,
compartilhamos um pouco do nosso dia a dia com estes artistas e os mesmos
conosco, dessa forma atraindo para ambos os lados pessoas que se identifiquem
tanto com o artista como da Fowler.
Quais foram as dificuldades que você encontrou no início da marca e o
que te motivou a continuar ?
Conseguir chegar em um produto
que tivesse a mesma qualidade das marcas que já atuavam no mercado da moda e
fazer com que o cliente enxergasse valor agregado nele foram duas das minhas maiores dificuldades. Aos poucos fui
tendo acesso a boas confecções e a boa matéria prima o que me fez chegar em um
produto minimamente aceitável para se chamar de uma roupa de grife e com isso
começamos a receber elogios por conta da modelagem, da qualidade do produto, do
atendimento, pós venda, e isso motiva muito nosso trabalho. Cada cliente que
desprende dez segundos para trocar uma idéia sobre a marca e elogiar o
trabalho, ou criticar, pode acreditar que colabora e muito no crescimento da
gente.
A terceira e maior dificuldade
foi um furto que tive no primeiro dia que lancei o primeiro lote de camisas.
Lancei duzentas camisas inicialmente para saber se teria aceitação do público e
no dia em que peguei a produção, fui de porta a porta na casa de amigos que já
tinha combinado de levar as peças para vender. No retorno ao meu apartamento,
deixei uma mala no carro com 90% das camisas e o carro parado na porta de casa. Na manha seguinte percebi
que meu carro tinha sido arrombado e que tinham me furtado tudo, absolutamente
tudo. No momento fiquei revoltado, porém no mesmo dia decidi que iria fazer tudo
de novo, só que dez vezes melhor. Isso me atrasou mais 6 meses, mas foi um
grande aprendizado pra mim de saber que cada coisa na vida tem o seu momento.
Quando você percebeu que a Fowler seria um negócio de sucesso e decidiu
sair das feiras de estilistas alternativos para vender em um shopping de grande
circulação?
Antes de abrir a flagship no
Madureira Shopping, eu e minha namorada fizemos muitas feiras de moda pelo Rio.
E essas feiras serviram como um importante laboratório. Consegui ajustar e
melhorar alguns pontos na marca, consegui coletar um pouco das necessidades dos
clientes, contornei algumas fraquezas minha e decidi lançar. Três fatores
ajudaram para que eu tomasse essa decisão: a minha saída do meu emprego, a
aproximação do Natal e a aderência ao consumidor de Madureira ao meu conceito.
Como você se vê daqui a uns 5 anos como empreendedor ? Quais as suas metas?
Eu me vejo e a Fowler também como
parte de algo maior. Algo que esteja relacionado não apenas ao crescimento da
Fowler de forma isolada, mas um projeto em que possamos ajudar outras pessoas
que desejam empreender e novas marcas que estejam surgindo no mercado. De forma
mais pessoal desejo continuar atuando não só como executivo, mas também como
docente em gestão e marketing. A docência me faz crescer bastante
profissionalmente e a me manter sempre atualizado.
Para fechar essa entrevista, qual a dica você daria para motivar quem
quer começar seu próprio negócio?
Esteja preparado para trabalhar
como você nunca trabalhou, busque sempre o aprimoramento teórico, pois será ele
que te dará a base no momento de tomada de decisões e esteja psicologicamente
preparado para as dificuldades que virão, porque com certeza elas virão. E se
der vontade de desistir pense nos benefícios futuros que você obterá
persistindo no seu projeto. Seja humilde, honesto e trate todos com muito
respeito, isso aqui é só um trabalho como qualquer outro. Ninguém vira dono do
mundo por abrir uma empresa. Acho que isso pode ajudar bastante na sua jornada.
Curtiram ? Vocês podem encontrar as peças da Fowler no Shopping de Madureira , pela página da marca no Facebook ou pela loja virtual :http://usefowler.com.br/ .
E em breve anunciaremos mais uma parceria da Fowler com o blog .Aguardem !
Foto : Jota
Que incrível a entrevista, ate me inspirei, parabéns Jota, espero mais posts assim, seu blog é mais que um blog comum, vai além de conceitos, e casos como este tem que ser vistos, assim inspira e motiva a galera assim como eu que quer ter seu próprio negócio.
ResponderExcluirObrigado pelo comentário ,Douglas ! Essa tag já estava um tempo na minha cabeça ,finalmente consegui colocá-la em prática e não poderia ter começado com uma história melhor . Abrçs!
ResponderExcluirQue legal ver uma entrevista sobre o Fabrício e a Fowler no seu blog. Fui apresentada a algum tempo ao Fabrício e a Fernanda por um amigo em comum e comecei a acompanhar o trabalho deles. Achei muito legal a sua iniciativa de falar sobre empreendedorismo e protagonismo do negro. Acho que necessitamos de referências de sucesso para nos inspirarmos. Tem tanta gente bacana produzindo coisas e pouco espaço para divulgação.
ResponderExcluirEnfim, parabéns Fabrício pelo trabalho que nos inspira e para Jota pela matéria.
Grande beijo, Cis
Obrigado pelo comentário Cis!
ResponderExcluirConheço o Fabrício desde 2010 e não tinha dúvida alguma de que ele teria sucesso na sua jornada.
ResponderExcluirUm abraço do morador.. Nextel !